terça-feira, 9 de abril de 2013

Histórias da Casa Branca: o lado cerebral do Reaganismo

«O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros»
Margaret Thatcher

O seu legado não será pacífico ou consensual. A esquerda nunca lhe perdoará a liderança «liberal» que ditou o início de uma era de cortes na dimensão do Estado nas democracias ocidentais.

Há, até, quem lhe aponte excessiva proximidade com o antigo ditador chileno, o general Pinochet.

Mas Margaret Hilda Thatcher, nascida a 13 de outubro de 1925 em Lincolnshire, e falecida esta manhã, em Londres, aos 87 anos, vítima de acidente vascular cerebral, ainda hoje a única mulher a liderar o governo britânico, entrará certamente para os livros de história como um dos líderes mundiais mais relevantes do final do século XX.

Porque merece uma crónica especial neste espaço dedicado à política americana e, em particular, à quem ocupa a Casa Branca? 

Resposta simples: porque nenhum outro líder mundial teve tamanha influência junto de um Presidente americano, como Margaret Thatcher. 

Primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990, morreu com o título de baronesa, mas foi outro o epíteto pelo qual ficou eternamente conhecida.

«Dama de Ferro» foi um termo utilizado pela primeira vez numa revista soviética, numa feliz imagem que simboliza o perfil duro, determinado e, muitas vezes, inflexível da então chefe do governo inglês.

O seu legado governamental ficou associado ao êxito nas Malvinas, mas também às decisões duríssimas no processo irlandês. Aprovou intervenções militares contra o IRA, derrotou os argentinos nas Falkland, mas a sua maior herança será o caminho de desregulamentação e «small government», que fez doutrina na Velha Albion e atravessou o Atlântico, conquistando uma boa parte dos ideólogos do conservadorismo americanio.

Há quem veja em Margaret Thatcher o «lado cerebral do Reaganismo». 

Os anos 80 foram dominados, do ponto de vista simbólico, por esse «tandem» improvável entre a gélida Margaret e o carismático Ronald. 

Inicialmente, havia a perceção de que Reagan, antigo ator de Hollywood, seria um Presidente pouco ideológico. 

Mas essa dupla Reagan-Thatcher viria a mostrar-se a mais influente aliança política dos últimos 30 anos, simbolizando a ideia de que «o problema não está no Governo, o problema É o Governo». 

Impopular, chegou mesmo a ser odiada pelos sindicatos, pelos cortes decretados e a intolerância para greves. 

Mas quando se estudar, nos manuais de história política, o conceito de «thatcherismo», vai falar-se, essencialmente, de baixa de impostos, governo pequeno, liberalismo e desregulamentação.

Terá sido ela a culpada para o caminho de derrocada do Estado Social, ideia que estará, por estes anos, a dar as últimas? Ainda é cedo para responder.

Mas a avaliar pelas reações, esta segunda-feira, à sua morte, são mais os aspetos positivos do que negativos do seu legado.

Barack Obama, um Presidente ideologicamente no campo oposto do «tandem» Thatcher-Reagan, disse de Margaret ter sido «a maior amiga do EUA». 

Assim será lembrada.

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