domingo, 14 de abril de 2013

Histórias da Casa Branca: a jogada arriscada de Marco Rubio na Imigração

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 14 DE ABRIL DE 2013:

A Reforma da Imigração é um dos temas principais do segundo mandato de Barack Obama. Mas os contornos da discussão estão ainda a começar. E, desta vez, o Presidente pode contar com aliados inesperados do campo oposto.

Se, do lado da Casa Branca, está muito claro que existe a vontade de se avançar seriamente sobre esta questão central para a sociedade americana, a visão republicana de um problema que abrange 12 milhões de imigrantes ilegais é difusa e, muitas vezes, contraditória.

A imigração será, aliás, o tema que mais expõe as divisões e as sensibilidades tão diversas que existem, neste momento, no Partido Republicano.

Uma análise mais imediata apontaria para uma dicotomia simples: democratas e Obama pró-integração, apoiando medidas legislativas que retirassem repressão e aceitassem legalização; republicanos pró-deportação e apoiando medidas que levassem os imigrantes ilegais a abandonar a América.

No último ano, experiências legislativas em estados como o Arizona (que remetem para o conceito de «auto-deportação») dariam força a esta dicotomia.

Mas os últimos meses mudaram profundamente os dados deste jogo.

Barack Obama assumiu a Reforma da Imigração como uma das suas quatro grandes prioridades, neste início de segundo mandato.

Enquanto isso, no campo republicano, a derrota de novembro de 2012 reduziu espaço às visões mais radicais e ampliou as vozes de quem defende mais pontes políticas. 

No meio desta evolução tem emergido, com cada vez mais força e protagonismo, Marco Rubio. Jovem senador da Florida, com 41 anos, muitos apontam-no como o mais bem colocado candidato presidencial republicano para 2016.

Como filho de cubanos, Marco tem uma perspetiva compreensiva deste problema. E a novidade é que Rubio até é um «tea party darling», pela forma como mostra ter visões muito críticas do peso do estado e da questão fiscal. 

Neste domingo, Rubio, que faz parte do «Gangue dos Oito», grupo bipartidário responsável por apresentar no Senado uma proposta de reforma de Imigração, fez um autêntico ataque mediático, aparecendo em cinco programas de TV, para expor a necessidade de se avançar numa «Immigration bill», capaz de enquadrar estes milhões de imigrantes, mantendo e até reforçando a segurança interna da América. 

«Isto não é uma amnistia. Amnistia é quando se perdoa a alguém por alguma coisa. Não se trata de perdoar. Não estamos a dizer «façam-no ilegalmente, será mais fácil e mais barato», garantiu o senador. 

Rubio defende um plano que permita aos imigrantes até agora ilegais que fiquem nos EUA, desde que cumpram determinados requisitos, entre os quais terem tido um emprego, pagarem uma taxa e só poderem pedir a cidadania depois de viverem alguns anos na América. 

Ver um líder da direita americana como Marco Rubio com esta visão da imigração é um dado novo que, certamente, dará mais esperanças a um segundo mandato menos crispado e mais capaz de avançar em temas como este. 

Mas ainda é cedo para ter certezas sobre isso. Na política americana, nunca se sabe. 

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