sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Histórias da Casa Branca: «Hero» ou... «Zero»?

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT

O «gangman style», vídeo de um cantor pop sul-coreano chamado Psy que satiriza o estilo de vida fútil de um bairro chique de Seul, foi o maior sucesso da história do YouTube.

De tal modo assim foi que a coisa inspirou sucedâneos bem-humorados, feitos em todo o Mundo, incluindo em Portugal (a versão lusa mais visionada tem o título preocupante de «gamar com style»).

Mas a variação mais popular do «gangman style» foi o «Obama style».

O vídeo, feito ainda na campanha eleitoral que opôs o atual Presidente ao então candidato republicano Mitt Romney, apanha, com piada, o estilo cool de Barack, que já há alguns anos tem a alcunha nos meios políticos de Washington de... «No Drama Obama».

Os problemas gigantescos que o 44.º Presidente dos Estados Unidos da América herdou na eleição de 2008 (e só totalmente percecionados pela equipa que rodeia Obama em janeiro de 2009, nos dias que antecederam a tomada de posse) impediram, em diversos períodos do primeiro mandato, que Barack adotasse o seu registo preferido.

A forma clara como Obama conseguiu ser reeleito (bem mais clara do que a maior parte dos analista previu) parecia ter ajudado o Presidente a encarar o segundo mandato com menor grau de exigência.

Mas uma rápida antevisão dos desafios que Obama tem pela frente, nos próximos quatro anos, retira quaisquer tipo de ilusões em relação a essa ideia.

O maior de todos, já se sabe, tem neste momento uma bomba-relógio perigosamente a aproximar-se do botão vermelho: Obama tem exatamente 17 dias para evitar que os EUA se despenhem num «penhasco fiscal» assustadoramente ameaçador para a Economia americana.

Com o Natal pelo meio, quer isto dizer que o Presidente está a duas semanas de enfrentar um teste do qual, simplesmente, não pode dar-se ao luxo de sair reprovado.

Mas os próximos tempos esperam mais adversidades. A crise europeia tem posto à prova a solidez do dólar, mas não é certo que a recuperação iniciada pela Economia americana há cerca de dois anos continue a resistir à 'débacle' que se anuncia deste lado do Atlântico.

Uma das passagens mais divertidas da letra do «Obama style» pergunta: «Is a hero or is he zero?»

A dimensão messiânica que Obama conseguiu atingir nas eleições de 2008 fez com que muitos achassem que tinha aparecido um herói.

Os anos tremendamente difíceis de governação trataram de esbater a ilusão mágica que se criou em torno da figura de Barack.

Mas a verdade é que os sucessos obtidos pelo Presidente no primeiro mandato foram suficientes para garantir a reeleição - mesmo num tempo em que a tendência nas democracias ocidentais é para que quem esteja no poder perca as eleições.

O teste de 2012 mostrou que, quatro anos depois do endeusamento, Obama não é um herói, mas também não será... um zero.

Os americanos deram uma segunda oportunidade ao Presidente, muito devido ao que Obama reforçou no excelente discurso de vitória, na noite de 6 de novembro, em Chicago: ao contrário do que os republicanos disseram nos últimos anos, uma clara maioria sente que «os americanos estão nisto juntos. Vencem ou afundam-se juntos, como um país unido».

No final do segundo mandato, em janeiro de 2017, para que lado da balança penderá a agulha que mede a capacidade do 44.º Presidente dos Estados Unidos da América?»

Sem comentários: