terça-feira, 2 de outubro de 2012

Histórias da Casa Branca: Nova oportunidade para a reconciliação



TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 1 DE OUTUBRO DE 2010:

«Há quatro anos, Barack Obama construiu a sua campanha com base em duas ideias: ‘mudança’ e ‘reconciliação’.




O então candidato democrata propunha-se «construir pontes», de forma a melhorar um clima político que, nos últimos anos, se tem revelado particularmente dividido.



Se na parte da ‘mudança’, algumas vitórias foram conseguidas (Reforma da Saúde; revogação do ‘Don’t ask, don’tell’; fortes apoios a estudantes universitários pagarem os seus cursos; início da recuperação económica; salvação da indústria automóvel), a parte da ‘reconciliação’ falhou claramente.



Na verdade, o clima de hostilidade dos republicanos contra o Presidente até aumentou durante os anos Obama.



Mitch McConnell, líder da minoria republicana no Senado, teve uma tirada reveladora, quando, a dois longos anos das presidenciais de 2012, assumiu: «A nossa primeira prioridade é a evitar que Obama cumpra um segundo mandato».



Uma boa parte da atitude hostil dos republicanos tem a ver com a influência excessiva do Tea Party. A ala radical da direita conservadora americana não suportou a ideia de ver na Casa Branca um Presidente com o perfil pessoal e político de Barack Obama.



Depois do triunfo maciço dos republicanos na ‘midterms’ de novembro 2010, essa atitude extremou-se. O Presidente tentou várias iniciativas bipartidárias, mas quase todas elas esbarraram no dogma republicano da obstrução.



Momento de viragem



Forçado a trabalhar com um Congresso dominado pelos republicanos (forte maioria na Câmara dos Representantes, minorado pela ligeira vantagem de três senadores que os democratas têm no Capitólio), Barack Obama nunca desistiu de tentar acenar ao outro lado.



Só que, do lado republicano, viu quase sempre hostilidade (houve poucas exceções à regra e uma delas foi o apoio à ratificação do novo Tratado Start).



Este clima de bloqueio teve pontos especialmente críticos, sobretudo quando, no verão de 2011, a América esteve a poucos dias de ficar sem acesso a financiamento. O aumento do teto da dívida tem que ser aprovado pelo Congresso – e o acordo só apareceu à última e depois de muitas cedências do Presidente e até do ‘speaker’ da House, o republicano John Boehner.



O congressista do Ohio não conseguiu travar as pressões do Tea Parti e esse foi um momento definidor do clima pouco saudável que se viveu em Washington nos últimos anos.



O que é que esta campanha presidencial está a mostrar? Que a vantagem de Obama sobre Romney pode significar que os americanos estão fartos desse clima de bloqueio – e sentem que chegou o momento de se avançar.



Bill Clinton, que nos anos 90 teve um ano de Governo bloqueado na sequência de tensões com um Congresso maioritariamente republicano, acredita que Barack Obama pode ter na reeleição o seu momento para seguir em frente.



Eis a ideia de Clinton, exposta em entrevista a Piers Morgan, na CNN: «Depois daquele ano de paralisação, as pessoas perceberam que eu tinha razão e os republicanos foram forçados a dialogar. O resultado foi que tivemos cinco anos muito produtivos. Sinto que a reeleição de Obama será esse momento – e se isso acontecer, podemos ainda ter quatro anos muito positivos para a América, no segundo mandato deste Presidente».



Faltam 36 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»

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