segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Histórias da Casa Branca: O que está escondido nos protestos contra a América


TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 24 DE SETEMBRO DE 2012:


O que está escondido nos protestos contra a América

Por Germano Almeida


«Os governos da Primavera Árabe condenaram o escandaloso filme que calunia o profeta do islão, mas deveriam ter enfatizado que os organismos oficiais e oficiosos americanos não tiveram qualquer relação com a produção do filme»


OMAR ASHOUR, diretor do Programa de Estudos do Médio Oriente no Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade de Exeter e professor convidado no Centro Brookings de Doha




O avolumar dos protestos no mundo árabe e muçulmano contra o filme ‘Innocence of Muslims’ não deixa de causar estranheza – mesmo quando nos lembramos do que se passou no Mundo nos últimos anos.



Os ataques a interesses diplomáticos americanos nos anos 90 já tinham levantado a ponta do véu. O 11 de setembro de 2001 destapou-o por completo – e de forma estrondosa.



O ódio à América será talvez o mais poderoso argumento da narrativa dos grupos radicais islâmicos. Mas, mesmo assim, torna-se difícil compreender, de forma razoável e mais ou menos racional, a reação desproporcionada a que se assistiu em tantos países e em tão vasto espetro geográfico.



Uma primeira análise far-nos-ia pensar que o filme em causa seria suficientemente mal feito e insignificante para não despertar os efeitos que gerou: a morte trágica de quatro funcionários diplomáticos americanos na Líbia, sendo que um deles foi Chris Stevens. Há 24 anos, desde 1988, que um embaixador norte-americano não morria em serviço, vítima de um ataque no país onde representava os EUA.



O caso, já por si suficientemente grave, foi o rastilho para um avolumar de protestos com pormenores de excesso, mesmo tendo em conta o contexto de quem os estava a protagonizar.



Rapidamente se fez a ligação com o 11 de setembro (o ataque em Bengasi foi feito no 11.º aniversário dos grandes atentados contra a América), facto que apontará para uma preparação mais profunda do que, propriamente, uma reação espontânea de um grupo mais extremado a um mero filme de quinta categoria, que apenas passou no YouTube.



Dores de crescimento da Primavera Árabe

Os protestos contra a América surgiram poucos dias depois da Convenção Democrata, momento que parecia ter marcado uma descolagem clara de Obama face a Romney nas sondagens.



A situação explosiva que parecia ter-se desenhado em vários países importantes para a estratégia da América no Médio-Oriente, e no mundo muçulmano em geral, alterou os dados do jogo. Os tumultos na Líbia, na Tunísia, no Egito e em tantos outros palcos fizeram-nos recordar imagens da Primavera Árabe –mas agora de forma mais violenta e menos poética.



Obama viu, subitamente, a sua política para a região em xeque. E muitos recordaram, por estes dias, que o brilhante discurso do Cairo feito pelo Presidente dos EUA (então em início de mandato), em 2009, já parece muito distante, apenas três anos.



A pouco mais de 40 dias das eleições na América, a colagem eleitoral a estes acontecimentos é inevitável.



Mas a questão, como muito bem explicou Fareed Zakaria na CNN, estará «muito mais em conflitos internos dos países onde se produzem os tumultos e muito menos na América».



A Primavera Árabe gerou a queda de ditadores como Kadhaffi, Bem Ali ou Mubarak. Se, no Egito, se tivessem produzido aqueles confrontos contra a América no tempo de Mubarak, era simples: o ditador mandava fuzilar os primeiros manifestantes e as coisas estavam resolvidas.



O que vimos, nos últimos dias, mostra que estes países ainda estão a resolver os seus problemas de crescimento pós-queda das ditaduras. Os confrontos foram graves e sangrentos, é certo. Mas, ao contrário do que aconteceu com a Primavera Árabe, eles não representaram o sentimento da maioria da população no Egito, na Tunísia ou na Líbia. Trata-se de uma questão de marcação de poder entre moderados e extremistas. O que os extremistas não estão a conseguir vencer nas urnas estão a tentar ganhar nestes protestos, sob o pretexto daquele lamentável filme e do ódio à América.


Israel entra na campanha

Basta ter visto a Fox News nas duas últimas semanas para se perceber que esta questão tem sido aproveitada, até ao limite, pela direita americana para introduzir na campanha presidencial o fantasma nuclear iraniano e uma eventual desproteção da segurança de Israel por parte da Administração Obama.



Nos programas de opinião política da Fox, tem sido repetido à exaustão o argumento de que o Presidente Obama se recusou a receber Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, no mesmo dia em que se encontrou, como candidato presidencial democrata, com estrelas do espetáculo.



A Casa Branca apressou-se a desmentir a acusação, mas isso de pouco tem valido para os critérios noticiosos da Fox. Atrás nas sondagens, a campanha de Romney está a tentar melhorar as suas hipóteses de competir com Obama nas credenciais de política externa (tema onde Obama se mantém muito à frente de Romney nos estudos de opinião).



O primeiro-ministro israelita, amigo de Romney desde os tempos de Harvard, tem ajudado à tentativa republicana, garantindo que está a tentar



Como bem explicou Aziz Abu Sarah, do Centro de Religiões Mundiais, Diplomacia e Resolução de Conflitos, citado pelo Público, «o elemento político agravou uma situação delicada. É tempo de eleições: Obama não pode baixar a guarda face a Romney».



Faltam 43 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma maneira de desmascarar de imediato os muçulmanos, nomeadamente aqueles que estão fazendo manifestações sobre o filme e as caricaturas, é intimar os muçulmanos a fundamentarem com o corão actual aquilo que dizem e fazem.
A resposta deles habitual ou é darem voltas e mais voltas como fazem com os arabescos, ou ficarem logo calados.
Porque em verdade, por aquilo mesmo que maomé nos revelou o allah maometano era pior que os diabos todos juntos.
E era esse coiso que maomé seguia e servia.
Em verdade, os muçulmanos nada percebem do islam, não querem perceber, nem querem que os outros percebam.
eles, os muçulmanos, é que são os reais descrentes e infiéis.
Em verdade, só fora do islam, podem existir as boas fontes espirituais dA Verdade e dA Vida.