segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Histórias da Casa Branca: Mitt Romney, a incógnita republicana


TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 12 DE AGOSTO DE 2012:


Mitt Romney, a incógnita republicana

Por Germano Almeida



«Willard Mitt Romney, 65 anos, será nomeado, na Convenção de Tampa, na Florida, no final de agosto, candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos.

Casado com Ann Romney, tem cinco filhos: Taggart (42 anos), Mathew (41), Joshua (37), Benjamin (34) e Craig (31).

Governador do Massachussets entre 2003 e 2007, liderou um dos estados mais liberais dos EUA. Terceiro classificado nas primárias do Partido Republicano em 2008, teria sido, certamente, o segundo classificado, logo atrás de John McCain, caso não tivesse desistido quando percebeu que não conseguiria evitar a nomeação do senador do Arizona.

É um republicano moderadamente conservador, que há quatro anos se apresentou como alternativa à direita a McCain – e agora se posicionou como o menos radical de um leque de candidatos excessivamente colocados na esfera conservadora ou mesmo ultraconservadora do GOP (Grand Old Party).

Empresário de sucesso, Romney apresenta-se como o candidato CEO – aquele que sabe como criar empregos, descolando-se, assim, da imagem excessivamente política e teórica do seu adversário nestas eleições.

Dono de uma fortuna pessoal muito significativa – é, certamente, o candidato presidencial mais rico desde John Kerry – Mitt Romney tem nesta questão um dos maiores problemas: muitos dos seus críticos acusam-no de ser «elitista» e representante dos interesses dos mais ricos – e de não fazer a mínima ideia do que é passar pelas dificuldades financeiras que muitos milhões de americanos estão a atravessar.

Romney obteve a nomeação republicana com relativa facilidade, ajudado, em parte, pela pobreza de opções que se apresentaram nas primárias.

Conversão artificial

Sem ter tido a concorrência de nomes como Jeb Bush, Chris Christie, Paul Ryan (que será o seu candidato a vice-presidente), Mitch Daniels ou Rudy Giuliani, Mitt acabou por ser o esocolhido por se afirmar como o único «eleigível» contra Obama – mas nunca conseguiu dissipar as dúvidas sobre as suas reais capacidades para enfrentar o embate de um duelo presidencial.

Pouco mobilizador junto de uma base republicana excessivamente radicalizade, depois de três anos de domínio do Tea Party, Romney foi adaptando o seu discurso ao ambiente do momento.

Ele, que enquanto governador do Massachussets teve posições tolerantes em relação ao aborto ou aos direitos dos homossexuais, voltou a mostrar pouca convicção nas ideias e deu prioridade às conveniências eleitorais: tem um discurso duro em matérias sociais e morais e apresenta-se como um ‘falcão’ na política externa, sobretudo no tema israelo-palestiniano.

Mórmon, tem na religião outro problema: nos EUA, a religião professada por Mitt ainda desperta algumas reservas. As sondagens não indicam que essa questão possa ser decisiva, mas Romney tem feito um esforço para evitar alusões aos mórmones no seu discurso político.

A crise económica daria, em 2012, boas chances ao candidato challenger. Mas Mitt tem-se mostrado um candidato com menos argumentos que Barack e está atrás nas sondagens. Nos meios republicanos comenta-se, em surdina: «Romney não consegue ganhar. Mas Obama ainda pode perder».

Tantas ‘gaffes’, Mitt!

Ainda ninguém saberá se Mitt Romney será eleito, no próximo dia 6 de novembro, Presidente dos Estados Unidos da América.

Mas o que já parece quase garantido é que Mitt irá ganhar o prémio do candidato que mais ‘gaffes’ cometeu numa campanha presidencial nos EUA.

A sucessão de deslizes do pré-candidato republicano à Casa Branca tem sido simplesmente inacreditável.

A mais recente teve a ver com a confusão entre ‘sikhs’ e ‘sheikhs’. Num discurso no Iowa, em que apelava à compreensão quanto à religião sikhs, referindo-se ao tiroteio do Wisconsin contra um templo daquela religião, Mitt Romney falou em ‘sheikhs’.

Como os xeques árabes nada têm a ver com quem professe a religião sikh, a confusão até obrigou a um esclarecimento por parte do porta-voz de futuro nomeado republicano, Rick Groka.

Mas este foi só um dos muitos capítulos recentes que mostram que Romney não terá a preparação adequada para assumir funções tão elevadas como as de Presidente dos Estados Unidos.

No périplo realizado na Europa e em Israel, Mitt falhou redondamente nos números do PIB de israelistas e palestinianos. Referiu-se a Jerusalém como a capital de Israel, facto que irritou profundamente os palestinianos.

Em vésperas do arranque dos Jogos Olímpicos, disse à NBC que «algumas coisas foram desconcertantes» na organização londrina – como que anunciando que iria haver falhas graves nos Jogos de Londres (que acabariam por se revelar um sucesso).

Também em Londres, falando ao lado do líder da oposição trabalhista, nunca referiu o nome de Ed Miliband, falando apenas em... «Mr. Leader» e revelou um encontro com o chefe dos serviços de epionagem MI6, uma informação que costuma ser mantida em segredo.

Um candidato que não conhece, sequer, os principais líderes do maior aliado histórico dos Estados Unidos e que não consegue seguir os preceitos do jogo político internacional tem sérias razões para estar preocupado.

Faltam 86 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»



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