quarta-feira, 16 de maio de 2012

Histórias da Casa Branca: Obama 'vs' Romney - a luta por segmentos e por estados



Diferentes nos tons e nos apoios: Mitt Romney e Barack Obama são candidatos com pontos fortes muito distintos. O duelo tem um desfecho imprevisível, mas já se notam linhas definidas em ambos os campos



Obama ‘vs’ Romney: a luta por segmentos e por estados

Por Germano Almeida

A confirmação de que o adversário republicano de Barack Obama será mesmo Mitt Romney está a aumentar o caudal de sondagens para Novembro – e vale, por isso, a pena fazer uma primeira análise por segmentos e por estados ao que poderá vir a acontecer daqui a cinco meses e meio.  

O bounce de Romney nos últimos dias poderá explicar-se pelo efeito unificador que as desistências de Rick Santorum, Newt Gingrich e, mais recentemente, também de Ron Paul terão tido no campo republicano, em torno da escolha de Mitt.

O ‘endorsment’ do ex-Presidente George W. Bush, declarado a 14 de Maio e que se junta aos apoios anteriormente já declarados por George Bush pai, Barbara Bush e Jeb Bush, reforçou a noção de que o ‘core’ do Partido Republicano acabará por se unir em torno de Romney.

Mas um olhar mais cuidado sobre o padrão das sondagens, nos últimos meses, que antecipam o duelo Obama-Romney mostra um equilíbrio que deverá manter-se até próximo da eleição de Novembro.

Obama, que chegou a ter uma vantagem de quase dez pontos nas sondagens nacionais, viu esse avanço desaparecer nas últimas semanas, em parte pela confirmação do triunfo de Romney nas primárias republicanas e, possivelmente, também pela desaceleração da recuperação da economia americana, nos últimos dois meses.

Há quem considere que a declaração de Obama sobre ter passado a ser favorável ao casamento dos homossexuais pode ter-lhe custado a perda de parte do eleitorado independente – mas talvez seja cedo para tirar já essa conclusão.

Independentemente das oscilações que as sondagens nacionais vão ter até Novembro, será importante observar os sinais nos principais estados e nos apoios de Obama e Romney nos diferentes segmentos.



Para já é só uma caricatura, mas daqui a menos de meio ano será a sério: o duelo Obama-Romney será equilibrado, independentemente das oscilações que as sondagens mostrarem nos próximos meses


O peso dos independentes. Há quatro anos, Barack Obama arrasou em vários segmentos, conquistando uma coligação improvável, que o levou a formar uma sólida maioria presidencial.

Em 2008, Obama teve os votos de 96% dos negros, 68% dos latinos, 66% dos jovens, 65% dos independentes e 56% das mulheres. Se Barack conseguir manter vantagens confortáveis em todos os segmentos, dificilmente perderá a reeleição.

Mas não é certo que o consiga, sobretudo nos segmentos dos independentes (que em estados-chave estão desiludidos com o desempenho económico da Administração Obama) e dos jovens (que apesar de, na sua maioria, continuarem a preferir Barack a Romney, podem passar, em quantidade significativa, para a coluna da abstenção, em sinal de protesto pela timidez da ‘mudança’ prometida por Obama há quatro anos).

No eleitorado feminino, Obama mantém uma sólida vantagem sobre Romney (na ordem dos 60-40) e em relação ao voto hispânico, as incógnitas são bem maiores que as certezas: Obama venceu há quatro anos em estados com fortíssima implantação latina, como a Florida e o Colorado, mas desta vez a vitória do nomeado democrata não é certa nesses terrenos.


Olhem para a Virgínia e o Indiana. Na análise por estados, há três combates óbvios, cuja incógnita só será desvendada no próprio dia 6 de Novembro, independentemente do que as sondagens vierem a dizer até lá: Ohio, Pensilvânia e Florida. 

Entre os ‘battleground states’ tradicionais em duelos presidenciais da história moderna americana, esses serão os três mais relevantes – pelo peso que têm no Colégio Eleitoral e por ajudarem a apontar, com uma impressionante clareza, o vencedor da batalha nacional.  

O pós-título atrás destacado não pretende, por isso, desfazer esse axioma que tem funcionado com tanta precisão nas últimas décadas.

A questão é que, em função das conquistas de Obama há quatro anos, os tais estados-chave são, em 2012, ainda mais dos que os do costume.

A Virgínia e o Indiana, dois estados tradicionalmente republicanos, foram ganhos por Obama há quatro anos – e as sondagens mostram que podem voltar a cair na coluna democrata, em 2012. A estratégia da campanha de reeleição de Barack está a apontar para voltar a apostar forte neste tipo de estados, aproveitando, também, alguns problemas que Romney acusa em fixar uma parte do eleitorado mais conservador.

Já a Carolina do Norte, também arrebatada de forma surpreendente por Obama há quatro anos, deverá voltar a recair para o lado republicano. 
Mas parece claro, a menos de meio ano da eleição geral, que a ‘fifty state strategy’, tão bem delineada e executada por David Plouffe e David Axelrod, os principais estrategas da equipa de Obama, será para repetir.

Barack até pode perder alguns dos estados que venceu em 2008 – desde que segure as vantagens que mantém no Ohio, na Pensilvânia, na Florida, no Michigan e na Virgínia. Romney tem uma aritmética eleitoral mais complexa: está obrigado a segurar todos os estados ganhos por John McCain há quatro anos, é forçado a recuperar pelo menos a Carolina do Norte (mas também o Indiana) e tem que vencer em vários dos estados do Midwest que Obama monopolizou (Iowa, Colorado, Nevada, New Hampshire, Wisconsin…) e onde volta a apostar muito forte.

Num artigo publicado no New Republic, Ruy Teixeira, senior fellow no Center for American Progress, defendeu que Obama tem boas hipóteses de arrebatar também o Arizona – estado considerado como certo para os republicanos em campanhas presidenciais. Há quatro anos, McCain venceu Obama no Arizona por uma vantagem de 8,5 pontos – mas terá ocorrido o chamado ‘efeito McCain’, pelo facto de o então nomeado presidencial republicano ser senador pelo Arizona há mais de 20 anos.

Ruy Teixeira recorda que Obama venceu confortavelmente nos estados vizinhos (Colorado, Novo México, Nevada) e se mantém com forte apoio junto do eleitorado hispânico. Se Romney deixa escapar o Arizona para Barack, as contas dos republicanos, na tentativa de evitar a reeleição de Obama, ficam praticamente comprometidas.

De acordo com o mapa do Real Clear Politics, actualizado a 15 de Maio, Obama tem, neste momento, 243 Grandes Eleitores, contra 170 de Romney – existindo um total de 125 Grandes Eleitores nos estados tecnicamente empatados.

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