domingo, 6 de novembro de 2011

Histórias da Casa Branca: Um ano para merecer mais quatro


Barack Obama 2012: falta precisamente um ano para saber se a campanha da reeleição será premiada, mas os valores já angariados apontam para um recorde. Conseguirá o Presidente transformar essa capacidade de atracção em votos?


Um ano para merecer mais quatro

Por Germano Almeida


A 6 de Novembro de 2012, daqui a precisamente um ano, será realizada a 57.ª eleição presidencial nos Estados Unidos da América. Poderá indicar o nome do 45º Presidente dos EUA, no caso de o vencedor vir a ser o nomeado do Partido Republicano, ou então marcará a confirmação do segundo mandato de Barack Obama.

Pela primeira vez no seu improvável percurso, o actual Presidente, quarto mais jovem de sempre a ocupar a Casa Branca por eleição, não estará no lugar do ‘outsider’ que desperta todas as simpatias. O estigma da culpa por estar associado a três anos de terríveis dificuldades para quem governa vai marcar um facto novo nos dados que, até 2008, pareciam estar destinados a favorecer a fortuna de Barack.

Obama não poderá ser, desta vez, o ‘underdog’ que, a partir de 2007, começou a ameaçar, de forma inesperada mas arrasadora, o super-favoritismo de Hillary Clinton.

Mas a narrativa segundo a qual Obama está condenado ao fracasso já esbarrou demasiadas vezes na realidade. É ainda cedo para saber se tal voltará a acontecer nas próximas eleições presidenciais, mas a verdade é que Barack ainda tem um ano para provar merece mais quatro. E, como bem lembrou o comentador de tendência conservadora Charles Krauthammer, «convém não subestimar as extraordinárias qualidades políticas do 44º Presidente dos EUA».

Sinais contraditórios
No calendário exigentíssimo da política americana, um ano não é assim tanto tempo. E vale a pena lembrar-nos como as coisas estavam em Novembro de 2007, quando faltava precisamente um ano para as anteriores eleições presidenciais: Hillary liderava as sondagens nacionais do Partido Democrata, com mais de dez pontos de vantagem sobre Obama, ainda que Barack já alimentasse algumas esperanças de vir a surpreender no ‘caucus’ do Iowa, que marcaria o arranque das primárias, a 3 de Janeiro.

No lado republicano, Rudy Giuliani aparecia à frente das sondagens nacionais. John McCain e Mitt Romney apareciam como eventuais desafiadores ao alegado favoritismo do ex-mayor de Nova Iorque. Em alguns estados do Sul, surgia bem colocado um ex-pastor baptista com ar bem-disposto e um discurso incrivelmente duro: Mike Huckabee.

Dois meses depois, no arranque das primárias, os supostos favoritos, Hillary e Giuliani, perdiam o primeiro combate para Obama e Huckabee.

É, por isso, muito arriscado ter certezas nesta altura. Mas os ‘forecasts’ apontam para que Obama tenha fortíssimas hipóteses de se reeleger desde que o seu adversário não se chame Mitt Romney.

Se o escolhido dos republicanos vier mesmo a ser o ex-governador do Massachussets, homem de negócios bem-sucedido e mórmon de religião por herança familiar, então aí o grau de incerteza será bem maior.

A evolução da taxa de desemprego nos EUA será outro barómetro do comportamento eleitoral: até hoje, nunca um Presidente americano conseguiu reeleger-se com uma taxa de desemprego acima dos 7,5 por cento. Ora, neste momento, esse indicador é de 9,1. No mínimo, preocupante, não será Barack?

A maratona ainda nem sequer vai a meio
Numa louca maratona que nem sequer chegou a meio, Obama já começou a repartir as suas atenções entre as prioridades da governação (agora claramente centradas no ataque ao desemprego, com a aposta, junto da opinião pública, nas virtudes do seu American Jobs Act) e a campanha para a reeleição, focada nos estados-chave do Midwest.

Nessas incursões pela ‘real America’, Barack tem insistido numa ideia forte: em apenas três anos na Casa Branca, já conseguiu cumprir perto de 60 por cento da missão a que se propôs junto dos americanos – mas precisa de mais cinco anos (o que falta cumprir, ao que se juntariam os quatro de um segundo mandato) para concretizar o mais difícil (e que estará no que o Presidente considera ser os 40 por cento restantes).

Apesar de tantos espinhos que andam aí pelo caminho, nestes tempos sombrios do declínio da globalização (pelo menos a que conhecemos até agora), se olharmos com atenção percebemos que o candidato que está em melhores condições de cortar a meta em primeiro lugar, de hoje a um ano, nesta louca maratona eleitoral americana, continua a chamar-se Barack Obama.

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