segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Uma História Americana

BARACK OBAMA

Passou, em quatro anos, de mero desconhecido a titular do cargo político mais influente do Mundo. O país que elegeu, por duas vezes, George W. Bush é o mesmo que exibe, agora, esta impressionante capacidade regeneradora.
Orador brilhante, alia a profundidade intelectual, própria de quem se formou em Harvard, com um lado humano que lhe permite chegar ao americano comum.
Da mãe, uma americana branca do Kansas, herdou o idealismo e a bondade. Do pai, Barack Obama sr., queniano que ganhou uma bolsa para estudar nos Estados Unidos, guardou a máxima que lhe tem ajudado na sua fantástica ascensão política: «A confiança é a qualidade mais importante para o sucesso».


PORQUÊ ELE?
Porque Barack agarrou os temas do futuro. «É difícil ver o que possa impedir Obama de ser o próximo Presidente. Ele construiu em seu redor uma expectativa e uma excitação que só têm paralelo com Kennedy, em 1960», observa o inglês William Rees-Mogg. Este histórico colunista do The Times acrescenta: «Ele oferece uma nova geração de ideias que atrai uma nova geração de eleitores. Os americanos não querem voltar aos anos 90, muito menos às décadas de 70 ou 80. Obama é o candidato do século XXI».

O QUE O TORNA ESPECIAL
A eloquência. «É o melhor orador político desde Mario Cuomo. Melhor que Bill Clinton. Melhor que Reagan. É brilhante, de uma eloquência empolgante. Talvez só comparável a Martin Luther King», aponta Michael O’Hanlon, investigador do Council on Foreign Relations e antigo conselheiro da campanha de Hillary Clinton.
David Brooks, colunista no New York Times, reforça: «Durante muitos anos, pensámos que não seria possível falar melhor que Clinton. Mas Barack consegue ser mais brilhante do que Bill na arte de conquistar multidões em comícios. Nesse plano, é imbatível».

UM MOMENTO DEFINIDOR
A vitória no Iowa.
Antes das primárias, o fenómeno Obama continuava por legitimar. O estado de graça do senador negro já durava há mais de três anos, desde o discurso na Convenção Democrata de 2004, mas pairava uma certa ideia, mesmo que não verbalizada, de… ‘isto não vai poder acontecer’. Ao arrebatar, folgadamente, um estado do Midwest, com 97 por cento de eleitores brancos, Barack provou que podia mesmo lá chegar. A partir desse momento, tudo mudou.

TRÊS TRAÇOS MARCANTES
O espírito inovador.
Barack já mudou para sempre a forma de fazer campanhas. Partiu do nada e criou uma base de apoio que veio de baixo, das pequenas contribuições. Usou a internet como melhor fonte de financiamento, batendo recordes de angariação de fundos.
Um impressionante auto-controlo. Na polémica dos sermões de Jeremiah Wright (pastor que o casou e foi seu guia espiritual durante anos), Obama respondeu com serenidade e ponderação às frases inflamadas que apelavam a ressentimentos raciais. O discurso que proferiu em Março, quando se demarcou do reverendo, terá sido o melhor da sua carreira política e só assim pôde escapar ileso a um escândalo que poderia ter-lhe comprometido a nomeação.
A capacidade de desmontar rótulos. O facto de ser negro nunca o forçou a assumir-se como «candidato étnico». Isso revelou-se decisivo: a abrangência da sua mensagem permitiu-lhe atingir os mais diversos segmentos. E tornou-o «presidenciável».

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