sábado, 31 de janeiro de 2009

Michael Steele é o novo líder do Partido Republicano


Michael Steele, 50 anos, foi eleito líder do RNC, o Republican National Comitee. É o primeiro negro a liderar o Partido Republicano, um facto sem dúvida histórico e que se explica num contexto de reacção, quase inconsciente, de um GOP ainda aturdido com o que lhe aconteceu a 4 de Novembro.

Duas semanas depois de Barack Obama ter sido empossado como primeiro Presidente negro da história da América, Michael Steele corporiza um avanço significativo no Partido Republicano, vencendo uma disputa renhida, que tinha seis contendores, sendo dois deles negros.

Após a sexta ronda, Steele venceu a corrida, com 91 votos, num universo de 168. Antigo vice-governador do estado do Maryland (no consulado de Robert Erhlirch), este advogado de perfil discreto, até se assemelha a Obama no registo ponderado e calmo, mas está longe, muito longe do brilhantismo oratório e intelectual do Presidente.

Seja como for, é um sinal interessante dado pelos republicanos. Até porque, no discurso de vitória, falou de um «retorno ao partido de Abraham Lincoln»...

É preciso, no entanto, explicar que o posto de presidente do RNC é quase administrativo, não tem muito relevo político. Os principais rostos do GOP nos próximos anos, já com a nomeação para a presidência em 2012 no horizonte, serão Bobby Jindal (governador da Louisiana), Sarah Palin (governadora do Alasca, candidata derrotada a vice-presidente no ticket de John McCain), Mitt Romney (ex-governador do Massachussets) e Jeb Bush (ex-governador da Florida, irmão e filho de dois ex-Presidentes).

3 comentários:

CS disse...

Caro Germano,

Excelente análise. Mas não deixa de ser curioso que entre os putativos candidatos do GOP em 2012 que aponta apareça um indiano católico (Bobby Jindahl) e uma mulher (Palin). Não se isto significa um interiorizar por parte do GOP que está neste momento reduzido a um partido de homens brancos do Sul, de meia idade. E por isso quebra as barreiras considerando, mulheres, indianos, e afro-americanos. Mas é cedo para especular.
Em todo o caso Jindahl parece-me claramente o mais consistente dos que enumera. Romney tem sempre o problema de levantar a direita evangélica contra si: no que foi uma ameaça real que fizeram a John McCain se ele o tivesse escolhido para VP. Um proeminente representante do anglicanismo evangélico falou mesmo em McCain estar a afrontar 82 milhões de americanos se escolhesse um mórmon, mais a mais liberal social (como é normal para quem foi governador do Massachussets).

Germano Almeida disse...

Sim, tmb me parece que Romney é, dos que enumerei, o que menos hipóteses tem. A sua condição de mórmon revelou-se, na campanha, mais problemática do que parecia à primeira vista.

É só um palpite, mas creio que Sarah Palin vai desparecer do mapa nacional até 2012 -- a menos que arrisque concorrer ao Senado em 2010 e seja eleita. Aí ficará lançada para ser uma das candidatas fortes do GOP.

Já que falou da Direita evangélica, creio que, no caso de em 2012 os republicanos voltarem a prefereir um «white male» ligado a essa corrente, Mike Huckabee, que se saiu muito bem nos estados tradicionalmente republicanos nas primárias, é um nome a ter em conta.

Mas sem dúvida que este sinal de terem eleito um negro para liderar o RNC deve ser interpretado como revelador de uma vontade de renovação estratégica interna.

Veremos... Um abraço.

CS disse...

Huckabee seria de facto o delírio dos evangélicos protestantes. E é um orador que, como vimos na RNC, tem potencial de mover uma sala. Em todo o caso, ia-me esquecendo de um nome que se diz estar interessado no lugar: o do General David Patraeus.
Um abraço,
Carlos